Hepatite A, leptospirose e diarreia. Estes são alguns dos riscos que atingem quem que teve contato com a água contaminada pela lama que desceu das duas barragens da mineradora Samarco, em Bento Rodrigues e invadiu o Rio Doce, que abastece cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo.
“Essa contaminação seria por microorganismos. É sabido que com a água vai carregando animais mortos, trazendo alguns de pequeno porte, como ratos (cuja urina causa leptospirose)”, afirma a infectologista Silvana de Barros Ricardo, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Mater-Dei.
Na opinião da especialista, quem teve contato mais próximo com a lama corre maior perigo, principalmente por causa de lesões. “É difícil mensurar a exposição que ocorreu durante o resgate, mas a contaminação pode ocorrer também através de mucosas, além de feridas. As pessoas têm que ser vacinadas contra tétano.”
Segundo ela, para a população que vive mais distante do acidente, o risco permanece. “Como pode haver contaminação dos sistemas de tratamento, o ideal é que as pessoas que vivam próximas ao rio tomem água fervida ou mineral.”
Também infectologista, Carlos Starling, membro da Sociedade Mineira de Infectologia, afirma que o tipo de problema relacionado com o contato com a lama e a água vai depender “do tipo de resídio que houver”. “A ingestão de produtos químicos pode levar a intoxicações as mais diversas. Além disto, a lama está pegando tudo, e se o sistema de esgoto é comprometido, você tem as contaminações provocadas por microorganismos de vida livre, como salmonela.”
Silvana de Barros Ricardo chama a atenção também para plantações ribeirinhas, caso sejam recuperadas. “Os alimentos podem ser contaminados, já que a transmissão é via oral.”
Médico sanitarista, professor e ambientalista, Apolo Heringer-Lisboa fala também dos riscos dos seres que vivem no curso de um rio. “Vai haver uma mortandade enorme de peixe, pássaros e animais terrestres que bebem da água do rio. Não podemos pensar só no ser humano, mas em todas as espécies.”
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